Report Logístico | Setembro 2025 | Cenário Global e Impactos para o Brasil

O comércio exterior global segue em um cenário de volatilidade, impulsionado por tensões tarifárias, desafios operacionais e investimentos estratégicos em infraestrutura. No mês de setembro, os destaques vão desde a prorrogação da trégua EUA–China até novas regras logísticas na Europa, passando por instabilidades no Oriente Médio e investimentos bilionários no Brasil.

Ásia–Brasil: prorrogação da trégua e rotas alternativas

A trégua tarifária entre Estados Unidos e China, que venceria em agosto, foi prorrogada por mais 90 dias a partir de 11 de agosto, evitando tarifas que poderiam chegar a 145% nos EUA e 125% na China (DW, CNBC).

Enquanto isso, a China diversificou suas exportações: ASEAN (+20,8%), União Europeia (+8,3%) e países da iniciativa Belt & Road na América Latina e África, reduzindo a dependência do mercado americano (BBC, UOL). Muitas empresas também passaram a adotar estratégias híbridas, deslocando parte da montagem final para países como Vietnã, Índia e México.

Trégua EUA-China e exportações da Ásia

 

 

No transporte marítimo, o Shanghai Containerized Freight Index (SCFI) voltou a crescer no fim de agosto após 12 semanas de quedas, refletindo maior demanda (Reuters, Carriers News). Porém, tufões em Ningbo e Shanghai geraram atrasos acima de 48h durante agosto (YQN, Wowl).

Para o Brasil, desde 6 de agosto os EUA aplicam tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, com algumas isenções em setores estratégicos como aeronaves, energia e celulose (Correio Braziliense, Rio Times Online).

 

 

Europa: portos pressionados e novas regras na Itália

No Norte da Europa, portos como Antuérpia, Hamburgo e Roterdã operam perto da capacidade máxima, enfrentando backlogs e altos tempos de espera. Em Antuérpia, um caminhão chega a levar 58 minutos para atendimento.

No Mediterrâneo, a Itália implementou em setembro a Lei 105/2025, que reduziu o tempo livre de carga/descarga para 1h30 e elevou indenizações para €100/hora. Já França se prepara para greves nacionais que podem impactar transporte ferroviário e marítimo.

Oriente Médio: instabilidade crescente

A rota pelo Estreito de Ormuz permanece sob risco com tensões entre Irã e Israel. As tarifas de seguro marítimo na região já aumentaram em até 60%, pressionando custos operacionais.

Américas: tarifas, gargalos e adaptações

Nos EUA, tarifas foram aplicadas a produtos de mais de 20 países, incluindo o Brasil. Grandes portos como Los Angeles e Nova York/NJ registraram picos de volumes, com dwell times que chegam a 7 dias em alguns terminais.

Na América do Sul, o Chile ainda enfrenta impactos climáticos, o Peru registra congestionamentos no porto de Callao e falta de contêineres, e a Colômbia segue com atrasos em Buenaventura.


Transporte Aéreo Global: recuperação parcial

Transporte aéreo global

  • Europa: volumes +3% YoY em julho, tarifas +2%.
  • Ásia-Pacífico: volumes +7–9% YoY, puxados pelo Japão (+90% WoW).
  • América do Norte: volumes +5% YoY, com tarifas estáveis.
  • CSA: crescimento seletivo (+5% YoY), liderado por exportações à Europa.
  • MESA: excesso de capacidade derrubou tarifas em -15% YoY.

No total, o volume global cresceu 4% em agosto, consolidando recuperação pós-férias, ainda que as tarifas recuem (-2% YoY).

Infraestrutura no Brasil: investimentos recordes

O Brasil anunciou R$ 30 bilhões em concessões até 2026 para modernização portuária, com mais de 60 leilões previstos (Infranews, Portos e Navios). Entre os principais projetos:

  • Paranaguá (PR): leilão do canal de acesso em outubro, investimento de R$ 1 bi.
  • Santos (SP): dois novos berços para granéis líquidos (R$ 400 mi) e obras no acesso viário.
  • Suape (PE): dragagem de R$ 200 mi para ampliar profundidade.
  • Túnel Santos–Guarujá: confirmado, com investimento de R$ 6 bi.

 

Porto de Paranaguá e investimentos portuários

Mais de 70% dos investimentos virão do setor privado, reforçando a confiança na infraestrutura nacional.

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