Exportação de madeira: como planejar a logística para evitar riscos na operação

O Brasil é um dos maiores exportadores de madeira e derivados, impulsionado pela vasta disponibilidade de espécies nativas e plantadas, como o eucalipto e o pinus. No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, exportar madeira exige mais do que emitir documentos e embarcar a carga.

A complexidade logística desse tipo de mercadoria envolve variáveis técnicas, uma vez que negligenciadas, podem gerar até mesmo a perda completa do lote por contaminação ou não conformidade.

Neste texto, vamos trazer os principais desafios logísticos enfrentados na exportação de madeira, indo além do passo a passo documental. Afinal, o objetivo é mostrar como planejar uma operação segura, eficiente e alinhada com as exigências do mercado internacional.

Documentos obrigatórios para a exportação de madeira

Quando se fala em exportação, a primeira ideia que surge é a de burocracia documental. De fato, a madeira exige um conjunto de documentos necessários para atender as normas nacionais e internacionais. Entretanto, o ponto central é entender que cada documento impacta diretamente na logística.

Entre os principais documentos obrigatórios estão:

DOF

Quando se trata do transporte e comercialização de produtos e subprodutos florestais nativos, assim como é o caso da madeira, há a obrigatoriedade da emissão do DOF (Documento de Origem Florestal) que comprova a origem legal da madeira.

O Documento de Origem Florestal é emitido pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Sua emissão deve ser feita via DOF+ (sistema de Documento de Origem Florestal Rastreabilidade) e antes da autorização da saída do produto do país via LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos).

LPCO

A autorização do IBAMA para a exportação de madeira deve ser solicitada por meio do módulo LPCO-Exportação do Pucomex (Portal Único de Comércio Exterior).

Assim que a LPCO é deferida, a empresa exportadora ou seu representante legal deve inserir o número da DU-E (Declaração Única de Exportação) no sistema DOF, procedimento este que atualiza o status do DOF Exportação, de acordo com a Instrução Normativa IBAMA nº 8/2022, que estabelece procedimentos para a exportação de produtos e subprodutos madeireiros de espécies nativas oriundos de florestas naturais ou plantadas.

Certificado fitossanitário

Exigido em quase todos os destinos, o Certificado Fitossanitário atesta que a carga de produtos de origem vegetal ou derivados cumpre com os requisitos fitossanitários estabelecidos pelo país importador.

Sua função é garantir que a madeira esteja livre de pragas ou organismos nocivos que assim possam representar riscos ao meio ambiente, à agricultura e à biodiversidade do país de destino.

O Certificado Fitossanitário é emitido pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) observando o requisito fitossanitário estabelecido pela ONPF (Organização Nacional de Proteção Fitossanitária) do país importador, conforme a Portaria nº 177/2021.

Certificado FSC

O Certificado FSC (Forest Stewardship Council) representa um selo internacionalmente reconhecido de manejo florestal responsável.

Esse certificado atesta que a madeira exportada atende a critérios socioambientais rigorosos, garantindo que sua origem não está associada ao desmatamento ilegal, ao mesmo tempo à degradação de ecossistemas ou a práticas de exploração que desrespeitem comunidades locais e trabalhadores.

Ele é muitas vezes requisito básico de acesso a determinados mercados, como Europa e América do Norte.

Licença CITES (quando aplicável)

Quando se trata da exportação de espécies de madeira listadas nos anexos da CITES – Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, o requerente deverá primeiramente solicitar a emissão da Licença Cites junto ao Siscites (Sistema de Emissão de Licenças Cites e Não-Cites).

A Licença Cites deve ser emitida de forma prévia e complementar à autorização de exportação via LPCO, conforme § 3º do Art. 2º do Instrução Normativa IBAMA nº 8/2022.

Principais desafios logísticos na exportação de madeira

Quando se trata da logística envolvida na exportação de madeira, o responsável deve considerar alguns desafios, tais como:

Acondicionamento e ventilação: cuidados técnicos

Um dos maiores desafios técnicos da exportação de madeira é o acondicionamento adequado da carga.

A madeira, por ser um produto orgânico e suscetível a variações de temperatura e umidade, exige cuidados específicos para evitar deterioração durante o transporte.

Alguns pontos técnicos que influenciam o acondicionamento:

  • Madeira serrada versus madeira beneficiada: a serrada exige maior cuidado com ventilação, pois retém mais umidade. A beneficiada, por ter passado por processos industriais, é mais estável, mas não isenta de risco.
  • Tratamento da madeira: em muitos casos, a madeira deve passar por fumigação ou tratamento térmico, registrados por meio de certificação, para eliminar pragas.
  • Estufagem correta: a distribuição da madeira dentro do contêiner deve permitir circulação mínima de ar e evitar pressão excessiva sobre as paredes.

Um erro de acondicionamento pode comprometer não apenas a qualidade da madeira, mas toda a operação logística, pois a rejeição no país de destino significa custos adicionais de devolução ou até descarte da carga.

Tipos de madeira versus exigência modal

Outro ponto de atenção é a compatibilidade entre o tipo de madeira e o modal logístico utilizado. Nem todo tipo de transporte se adequa à madeira.

  • Transporte marítimo: ideal para grandes volumes e madeiras de baixo valor agregado, como toras e madeira serrada em larga escala. O custo do frete por tonelada transportada é mais competitivo, mas o tempo de trânsito é longo, o que aumenta os riscos de umidade e contaminação.
  • Transporte aéreo: raramente utilizado, mas pode ser necessário em casos de amostras de madeira nobre, peças de alto valor agregado ou situações em que a urgência do cliente justifique o custo elevado.
  • Transporte rodoviário e ferroviário: normalmente utilizados como complemento no trajeto até o porto ou no escoamento para países vizinhos. Transportadores frequentemente utilizam a ferrovia para levar madeira de reflorestamento, como o pinus e o eucalipto, devido ao grande volume.

Risco de contaminação e rejeição no destino

Atualmente a madeira é um dos produtos mais suscetíveis a barreiras fitossanitárias internacionais. Países importadores possuem regras rígidas para evitar a entrada de pragas e fungos que possam afetar ecossistemas locais.

Entre os riscos mais comuns estão:

  • Contaminação por fungos devido à umidade acumulada.
  • Infestação por insetos como brocas ou cupins, que inspetores podem detectar em inspeções no porto de destino

Quando identificados, esses problemas podem levar até a rejeição da carga pelo país importador, o que representa prejuízos significativos e danos à reputação do exportador.

O planejamento logístico deve, portanto, incluir protocolos de prevenção, como inspeções pré-embarque, monitoramento da umidade da carga e o cumprimento rigoroso das exigências fitossanitárias do país comprador.

Modal ideal versus volume e urgência

A decisão sobre qual modal utilizar deve equilibrar três variáveis principais: volume, custo e urgência.

  • Grandes volumes com baixo valor agregado: geralmente utilizam transporte marítimo em contêineres ou navios de carga geral (Break Bulk) ou ainda navios graneleiros para o transporte de lascas de madeira.
  • Pequenos volumes de alto valor agregado: podem justificar o uso do transporte aéreo.
  • Urgência do cliente final: pode exigir priorização de rotas mais rápidas ou até embarques multimodais.

O erro mais comum é priorizar apenas o custo, sem avaliar os riscos operacionais. Uma carga que leva semanas no mar pode comprometer contratos que exigem prazos curtos ou resultar em perda de qualidade por exposição prolongada.

O planejamento deve sempre considerar a natureza da madeira, os prazos contratuais e a expectativa do comprador internacional.

Estruture sua operação de exportação de madeira

Exportar madeira exige planejamento minucioso, conhecimento técnico e parceiros preparados para oferecer suporte em todas as etapas.

Na ES Logistics, contamos com uma estrutura completa para garantir eficiência e segurança em cada operação. Entre nossas soluções, oferecemos:

  • Diagnóstico prévio e planejamento técnico
  • Suporte documental integrado à execução logística
  • Multimodalidade no transporte com controle de tempo e rastreabilidade
  • Interface com órgãos ambientais e fiscais.

Uma carga de madeira parada representa custo, prazo perdido e até risco contratual. Por isso, o diferencial está em ter uma estrutura logística que antecipa falhas e entrega segurança técnica de ponta a ponta.

Fale com o nosso time técnico e entenda como estruturar sua exportação com previsibilidade e eficiência!

Solicite uma cotação

Preencha o formulário abaixo. Em breve nossa equipe entrará em contato.