Brasil e China assinaram, nesta segunda-feira (7) um memorando para estudar a construção de uma ferrovia estratégica que ligará o Atlântico ao Pacífico, redesenhando o mapa logístico da América do Sul.
O que é a Ferrovia Bioceânica Brasil–Peru?
A Ferrovia Bioceânica Brasil–Peru é um projeto internacional de integração logística que visa ligar o Centro-Oeste brasileiro ao Oceano Pacífico, passando pelo território peruano até o Porto de Chancay. O acordo firmado entre os governos do Brasil e da China, em julho de 2025, marca o início dos estudos técnicos, ambientais e econômicos da obra.
Por que esse projeto é estratégico para o Brasil?
Integração multimodal
A nova ferrovia será conectada a rodovias, hidrovias, portos e aeroportos, formando um corredor logístico interligado e eficiente que amplia a capacidade operacional do país.
Expansão da malha ferroviária
A ferrovia se integrará a linhas importantes como a FIOL, FICO e Ferrovia Norte–Sul, aumentando a capilaridade da malha nacional e criando novas rotas para escoamento de cargas.
Competitividade nas exportações
O acesso direto ao Oceano Pacífico pode reduzir em até 14 dias o tempo de transporte de cargas com destino ao mercado asiático. Isso representa redução de custos logísticos, maior agilidade e expansão de mercados para o agronegócio e a indústria brasileira.
Impactos logísticos da Ferrovia Bioceânica
Corredor continental
A ferrovia deve cruzar os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, com destino ao Porto de Chancay, no Peru — terminal em construção com investimentos chineses e potencial para se tornar um hub logístico de referência no Pacífico.
Escoamento de commodities
Produtos como soja, milho, algodão e minério de ferro poderão ser escoados de forma direta, sem a necessidade de uso dos portos do Sudeste e do Sul, o que contribui para aliviar gargalos logísticos e reduzir custos portuários.
Posicionamento geoestratégico
Essa conexão interoceânica reposiciona o Brasil como elo logístico entre América do Sul e Ásia, fortalecendo o protagonismo do país nas cadeias globais de valor com foco em eficiência e sustentabilidade.
Quem lidera os estudos?
Pelo lado brasileiro, a responsável é a Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, que conduzirá os estudos de impacto ambiental, integração multimodal e levantamento topográfico.
Já pelo lado chinês, a liderança é do China Railway Economic and Planning Research Institute, que cuidará do planejamento técnico e da viabilidade ferroviária.
A iniciativa faz parte do programa Rotas de Integração Sul-Americana, lançado em 2023 para incentivar obras de infraestrutura voltadas à integração regional.
Desafios e preocupações
Questões ambientais
O traçado proposto atravessa áreas sensíveis da floresta amazônica e comunidades tradicionais, o que exigirá licenciamentos ambientais rigorosos e atenção à mitigação de impactos sociais e ecológicos.
Viabilidade econômica
Serão necessários até cinco anos de estudos para definir o traçado definitivo e o modelo de financiamento, que poderá envolver parcerias público-privadas e investidores internacionais.
Próximos passos
- Definição do traçado definitivo
- Avaliação de custos e impacto logístico
- Negociação com o governo do Peru
- Busca por investidores e fontes de financiamento
- Homologações binacionais
- Início das obras (a longo prazo)
O que esperar da Ferrovia Bioceânica Brasil–Peru
Se bem planejada e executada com responsabilidade, a Ferrovia Bioceânica pode:
- Impulsionar a competitividade brasileira no comércio internacional
- Reduzir custos e prazos logísticos
- Abrir novos mercados para o setor produtivo
- Reposicionar o Brasil como elo estratégico nas rotas de comércio entre América do Sul e Ásia
A Ferrovia Bioceânica entre Brasil e Peru representa muito mais do que uma nova linha no mapa: é uma mudança de rota para o futuro logístico do Brasil.