Impacto do cessar-fogo Israel-Hamas na navegação internacional

A guerra entre Israel e o Hamas, que se intensificou em outubro de 2023, afetou significativamente o transporte marítimo, especialmente nas rotas pelo Mar Vermelho. Contudo, com o cessar-fogo entre Israel e Hamas, qual será o impacto na navegação internacional?

Vale ressaltar que as rotas pelo Mar Vermelho são essenciais para o comércio global, conectando a Ásia à Europa e facilitando o fluxo de petróleo, gás natural e outras mercadorias.

Vamos descobrir neste texto o impacto do cessar-fogo Israel-Hamas na navegação internacional!

 

O que causou a guerra entre Israel e Hamas?

A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque surpresa do Hamas contra Israel. Nesse contexto, o grupo militante lançou milhares de foguetes e realizou incursões terrestres, matando civis e militares israelenses e sequestrando dezenas de pessoas. Como resultado, esse ataque provocou uma resposta militar massiva de Israel contra a Faixa de Gaza, visando alvos do Hamas. Além disso, o conflito tem raízes profundas no histórico de disputas entre Israel e os palestinos, incluindo questões territoriais, o bloqueio de Gaza, ciclos anteriores de violência e a ausência de um acordo de paz duradouro.

A guerra resultou em grande número de mortos e destruição, agravando ainda mais a crise humanitária na região.

 

Qual foi o impacto no transporte marítimo durante o conflito?

Durante o conflito, grupos rebeldes, como os Houthis no Iêmen, realizaram ataques a navios comerciais no Mar Vermelho em retaliação às ações de Israel contra o Hamas. Esses ataques começaram a intensificar-se em novembro de 2023, após a escalada das hostilidades na região, afetando, assim, rotas comerciais importantes.

Como resultado, os ataques causaram desvios de rotas, com navios contornando o Cabo da Boa Esperança no (no sul da África). Isso aumentou o tempo de viagem e elevou os custos operacionais, incluindo os gastos dos armadores com combustível.

Consequentemente, os preços dos fretes subiram rapidamente. Além disso, os prêmios de seguro na região aumentaram significativamente, chegando a até dez vezes mais, devido ao alto risco. Isso gerou custos adicionais para as empresas que operam na área.

 

Como funcionará o cessar-fogo entre Israel e Hamas?

O cessar-fogo entre o Estado de Israel e o grupo militante palestino Hamas, iniciado em 19 de janeiro de 2025, foi estruturado em três fases principais:

Primeira fase do cessar-fogo: período de 42 dias sem conflito

    • Libertação dos Reféns e prisioneiros: O Hamas comprometeu-se a libertar 33 reféns israelenses, incluindo mulheres (civis e combatentes), crianças e homens com mais de 50 anos. Em contrapartida, Israel acordou libertar 95 prisioneiros palestinos.

    • Ajuda humanitária: estabeleceu-se a entrada diária de 600 caminhões de ajuda humanitária em Gaza.

 

Segunda fase do cessar-fogo: depende de novas negociações

    • Retirada militar e mais libertações: prevê a retirada gradual das forças israelenses da Faixa de Gaza e potencialmente o fim das “zonas militares”.

 

Terceira fase do cessar-fogo:

    • Reconstrução e negociações finais: foca na reconstrução de Gaza em termos de infraestrutura básica e em negociações para um fim definitivo das hostilidades.

Apesar do acordo, as tensões persistem. Mediadores internacionais continuam trabalhando para resolver disputas e manter o cessar-fogo.

É importante notar que, embora o cessar-fogo esteja em vigor, pequenos incidentes e violações têm ocorrido, indicando a fragilidade do acordo e a necessidade de vigilância contínua para assegurar sua implementação completa.

 

Efeitos do cessar-fogo na navegação internacional

Com o estabelecimento de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, houve expectativas de normalização das rotas marítimas. Os Houthis anunciaram a limitação dos ataques a navios comerciais, exceto aqueles registrados em Israel ou de propriedade israelense.

A normalização parcial da segurança na região pode estabelecer parte da confiança das empresas de transporte marítimo e seguradoras, assim, reduzindo os riscos que vinham crescendo rapidamente.

Além disso, um ambiente mais estável pode permitir que armadores retomem operações normais na rota do Mar Vermelho, evitando desvios mais longos e caros pelo Cabo da Boa Esperança. Entretanto, a durabilidade e a efetividade do cessar-fogo determinarão se essa tendência será consolidada ou se o risco de novos ataques permanecerá elevado.

Outro fator relevante é a resposta internacional à segurança da navegação na região. Durante os ataques, países como os Estados Unidos e aliados europeus intensificaram patrulhas e medidas defensivas para proteger embarcações comerciais por meio de uma operação multinacional para proteger navios comerciais no Mar Vermelho. Caso o cessar-fogo se mantenha e as ameaças diminuam, é possível que haja uma redução nessas operações militares, mas qualquer escalada no conflito pode levar à reativação desses esforços.

Em caso de um cessar-fogo efetivo e a retomada da segurança da trafegabilidade pelo canal, um novo caos pode ser criado agora com a retomada, uma vez que o mercado vai ser inundado com oferta.

No momento, devido ao aumento do trânsito, são necessários mais navios por serviço, de modo que a frota ociosa está abaixo dos níveis pandêmicos, apenas 0,7% da frota global está sem uso. Com a retomada do trânsito, serão necessários menos navios, portanto, mais capacidade estará disponível no mercado e os armadores enfrentarão um desafio para equilibrar e melhor gerenciar a capacidade, evitando que as tarifas despenquem. Isso, combinado a um momento que novos navios estão sendo entregues para os principais armadores, sendo os últimos meses de 2024, houve um recorde na entrega de navios: um total de 410 navios com capacidade de 2.5 milhões de TEUs foram entregues.

Na primeira fase da retomada do trânsito, espera-se congestionamento de navios nos principais portos, uma vez que mais carga que o normal chegará ao mesmo tempo, algumas ainda finalizando a rota maior via África, enquanto outras já estarão trafegando via o canal de Suez. Esses congestionamentos terão impactos nas rotas entre Europa, Américas e Ásia e, apesar de possíveis quedas no frete, devido ao aumento da capacidade, provavelmente serão contidas com diversas sobretaxas de congestionamento.

O congestionamento dos navios chegada nos portos também impacta em desorganização da reposição de vazios, com terminais ficando sobrecarregados de containers, enquanto outros ficarão sem, até as rotas normalizarem.

Os impactos na navegação internacional dependerão de como os grupos envolvidos reagirão ao cessar-fogo e de sua durabilidade. Caso as etapas não sejam cumpridas, a retomada das hostilidades pode reacender os riscos para a segurança marítima, afetando novamente o fluxo comercial em uma das rotas mais estratégicas do mundo.

Nesse sentido, grandes empresas de transporte marítimo, como a Maersk, mantêm cautela, optando por não retomar imediatamente as rotas pelo Mar Vermelho devido à fragilidade do cessar-fogo e à persistência de ameaças à região, avaliando a estabilidade da segurança da navegação e a completude das fases do cessar-fogo

 

Perspectivas futuras

Embora o cessar-fogo represente um avanço positivo, a retomada completa das operações marítimas nas rotas tradicionais dependerá da estabilidade e a segurança contínuas na região, uma vez que a sustentabilidade desse cessar-fogo permanece incerta, dado o histórico de desconfiança mútua e as tensões políticas internas em Israel.

As empresas de transporte monitoram de perto a situação, e a normalização total das rotas pode levar semanas ou até meses, dependendo da evolução do cenário geopolítico.

Enquanto isso, os custos elevados e os atrasos nas entregas continuam a afetar o comércio internacional, destacando a importância de soluções diplomáticas duradouras para garantir a segurança das rotas marítimas internacionais.

Se o cessar-fogo e o trânsito pelo canal persistir, aumentando a oferta, podemos também ver o desmantelamento de navios antigos como uma opção para os armadores gerenciarem a capacidade disponível. O scrapping (desmantelamento) de navios antigos tem sido limitado desde a pandemia e atualmente 7% da frota global pode ser descartada. O desmantelamento tem sido extremamente limitado desde que as disrupções da pandemia começaram em 2020, e cerca de 6% a 8% da capacidade global pode estar pronta para ser descartada. Isso pode resolver boa parte do excesso de capacidade, mas não de forma instantânea.

 

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