Cenário Marítimo Atual | Brasil x China

Gostaríamos de compartilhar uma retrospectiva dos acontecimentos que levaram ao atual cenário na rota China x Brasil durante o mês de abril e perspectivas para os próximos meses.

Nas últimas semanas, o comércio entre China e Brasil enfrentou diversos desafios operacionais, resultando em forte escassez de espaços e equipamentos, além de grandes dificuldades na liberação de novos bookings. Durante abril, todos os navios nos serviços que atendem a rota China – Brasil operaram com utilização acima dos 95%, com muitos armadores fazendo bookings além de sua alocação, gerando considerável backlog nos portos de origem.

Esse aumento na utilização dos navios e o consequente acúmulo de cargas demonstram um desequilíbrio na linha de oferta e demanda nas importações da China para o Brasil, ocasionado por uma série de fatores que se acumularam ao longo do primeiro trimestre e culminaram na situação atual do mercado.

O início dessas dificuldades operacionais remonta aos ataques a navios porta-contêineres no estreito de Bab al-Mandeb, iniciados no final de dezembro de 2023. Esses ataques forçaram os armadores a alterar suas rotas, abandonando o Canal de Suez em favor do Cabo da Boa Esperança, o que resultou em um aumento significativo no tempo de viagem entre China e Europa, causando atrasos nas rotas com transbordo e prolongando o tempo necessário para reabastecer os contêineres na China.

Outro evento que contribuiu para o acúmulo de cargas na China foi o feriado do Ano Novo Chinês, ocorrido entre 10/02/24 e 15/02/24. Como normalmente ocorre, muitos exportadores fecharam suas fábricas até duas semanas antes do feriado, resultando em um significativo acúmulo de cargas programadas para embarque em março.

Além disso, o chamado “efeito BYD”, devido à montadora de carros elétricos BYD aumentando suas exportações para o Brasil em 2024, e o aumento do imposto sobre carros elétricos e peças contribuíram para a falta de espaços e disponibilidade de containers. O imposto sobre carros elétricos e suas peças irá aumentar em julho, passando de 10% para 18%, o que incentivou as montadoras a aumentarem suas importações em abril para aproveitarem o nível mais baixo de imposto.

A combinação desses fatores resultou em um mercado em abril com cargas acumuladas e falta de equipamentos para suprir a demanda, levando os armadores a implementar manobras e políticas para maximizar seus lucros, como os GRI (Great Rate Increase), que causaram aumentos significativos nos fretes.

Outra estratégia que os armadores estão utilizando é a implementação de tarifas especiais para garantir espaços e bookings, até o momento a CMA e a MSC implementaram essas tarifas com taxas de 1500 a 2000 dólares em cima dos valores de frete.

Para manter essa tendência de alta dos fretes, os armadores realizaram 4 blank sailings, 2 na primeira quinzena no joint FIL e 2 na segunda quinzena no joint SEAS, resultando em uma redução aproximada de 20% na oferta de espaços.

A tendência para maio segue os mesmos padrões de abril, com os navios ainda cheios e os fretes aumentando semanalmente.

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